sábado, 24 de março de 2012





Tenho dedicado tempo a estudar a relação da disfunção endotelial com hipertensão arterial com desfechos clínicos adversos.A hipertensão arterial resulta de um desequilibrio das forças que regulam a mesma, com elevação da resistência vascular (RVP) e/ou do débito cardíaco.Este último é estabelecido pela fórmula ( Frequência cardíaca x Volume sistólico efetivo).
O endotélio é o conjunto de células única, preenchendo apenas uma fileira localizadas em todos os vasos do corpo , na camada mais interna próximas ao sangue.È subdivido em 3 tipos com vários subtipos ( fenestrado, sinusoidal e contínuo).Assim o aumento da resistência vascular periférica ( principal motivo da elevação da pressão arterial) deve-se a redução da elasticidade da camada média elástica e/ou redução da capacidade de vasodilatação promovida por agentes produzidos no endotélio, sobretudo o óxido nítrico ( NO).
Sabe-se também que a disfunção endotelial é o primeiro passo para formação de uma placa aterosclerótica e o crescimento desta depende substancialmente do grau de difunção endotelial, expressa pelo desequilíbrio das forças relaxantes X constritoras relacionadas ao endotélio.
Há alguns anos tenho estudado os trabalhos realizados com ultrasonografia da artéria braquial para avaliação da função endotelial e os resultados são bastante animadores, pois o método em vários ensaios foi capaz de discriminar pacientes hipertensos com maior risco de  eventos cardiovasculares adversos ( AVC, Infarto do miocárdio) ao longo do tempo. Este estudo italiano de 2008 merece ser lido por aqueles que se interessam pelo assunto :  http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18622240
Creio que diretrizes são trilhas e não trilhos e apesar de métodos que avaliem disfunção endotelial não serem "ainda" contemplados nos guidelines de hipertensão a VI diretrizes Brasileiras de Hipertensão já cita a disfunção endotelial como tendo papel relevante na enfermidade, mas não entra nos pormenores de sua mensuração, talvez até porque à época poucas formas existiam de se fazer esta medida e de certa forma eram imprecisas ( tecnologia da época).Hoje podemos oferecer dados muito mais confiáveis acerca da função endotelial que podem ser levados em conta na tomada de decisão clínica, tanto no tratamento do paciente hipertenso como na estratificação do risco cardiovascular.